domingo, 4 de março de 2007

Devaneios de um refém

Leonardo Lopes

Às vezes me pergunto o por que de tanta duvida. Sinto-me refém de sentimentos que não consigo descrever. Tudo parece simplesmente perfeito, alias, perfeito demais, talvez essa maneira de tudo acontecer bem é que tira meu sono, mas não é sempre assim que acontece, acredito que isto me cutuca raramente, só sei que me sinto refém. Sou prisioneiro do conformismo, de sempre pensar que tudo esta bem a ponto de não interromper o elo. Como seria quebrar uma historia dessas? Talvez será única vez que me apaixonarei, mas por que não sinto o frisson que todos comentam quando vive o mesmo estado de espírito? Será que meu destino será testar a vida e com isso as pessoas que se dedicam para me fazer feliz? Muitas questões que não devia perdurar em relações perfeitas, mas que me atormentam. Não sou aquele que pensa alto, mas talvez sou aquele que pensa muito. Podia simplesmente viver... Deixar a vida me levar, viver um dia após o outro, mas não sou assim, recuso-me a passar passivo por algo que me incomoda. Será uma forma de me defender? Não sei. Colocando em miúdos sou um verdadeiro covarde que se esconde, sou aquele que fica quieto no canto mais escuro do quarto, parado refletindo o que me aflige. Gostaria de dar a cara para bater em certas ocasiões, de não me arrepender pelos meus atos de loucura, ser um eterno embriagado que se anestesia com drogas diversas a fim de ter coragem. Não quero ser um gladiador para passar por todos sem ter medo eu apenas quero é ser normal, levantar a cabeça quando alguém se dirigir a mim, de ser possível apenas dizer o que penso. Como é interessante fazer uma auto-avaliação de sua vida e perceber que fase de garoto já passou e de não encarar a vida mais como uma festa. Estou num processo de maturação e de amadurecimento. Tal processo me arranha, deixa-me deslocado, um pato fora d´gua. Na verdade o que acontece é pensar no passado e perceber como era tolo. Dava valor pelas coisas insignificantes e passageiras, como eu era superficial. Estou vivendo um momento delicado e importante, de abstração de meus sentimentos, de depuração do meu gosto. Sei que sou novo para entrar em colapso racional, será que isto existe? Acho que a dosagem que todos tem de sentimento e razão estão erradas no meu caso, o meio termo, ou seja o equilíbrio seria o recomendado, agir por impulso que me condena. Tento arrumar um jeito de fugir dessa prisão que por mais que eu tento morro na praia. Acho que sou um fiasco, por um lado um garotinho indefeso (pelo menos aparenta) que tem medo de se expor, por outro um verdadeiro puto que não mede seus atos. Mas o que sou realmente? Um artista circense. Que se pinta e se molda para o publico aplaudir? O frisson ou o decalco? Dilemas esses que me perseguem, pois não passo de um refém de meus anseios apenas.

Um comentário:

Unknown disse...

"...mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor."
Paulo de Tarso