domingo, 4 de março de 2007

Fagulhas de um irmão

Leonardo Lopes

Às vezes penso em coisas que nunca saberei se vou fazer, coloco na mente lugares maravilhosos que existem, mas que não conhecerei. Tenho vontade de desfrutar a vida – mas o que fato é a vida? – se não uma partícula do tempo que passa, uma ruptura num lasco da existência. Confundo-me às vezes com lembranças e com sonhos, não sei mais o que real ou fruto da minha imaginação. Alucinações permeiam a minha mente. Certo dia sonhei com um filho, era lindo, tinha os cabelos lisos, olhos castanhos claros e pele morena suave, alegre de encher os olhos. Era inconfundível à vontade de viver daquele menino que se dava bem com todos de sua idade. Entretanto era mais um sonho, pois saberei que nunca vou tê-lo, não será possível um amor paterno de algo eu não vai acontecer.

Como será cobiçar coisas que não terei, desejar uma camisa listrada de colarinho combinando ou um sapato de pelica brilhante ou aquele mais caro e mais luxuoso de cromo alemão com uma cor fosca para não ser percebido quando passar por alguém, coisas materiais que não me serviram. Mas pensando bem, iram apenas aguçar meu ego, satisfazer meu espírito nem que seja momentâneo. Gosto de coisas momentâneas, pois não acredito na felicidade, não credito neste estado de sentimento que todos almejam, perseguem, pois acho que isto é mais uma forma de acalantar os problemas, as tristeza, as angustias. Não vou ser feliz ou ter felicidade, viverei o agora.

Também penso em aqueles que me rodeiam, pois eles são pedaços meus, como eu sou deles. Amigos e familiares são como pinturas em nossos cascos, pois toda a vez que encosto em alguém ele fica a minha cor, assim como eu adquiro a sua cor. Somos moldados e moldamos muitas pessoas, nosso caráter nada mais é do que todos aqueles que conhecemos reunidos em nossos cascos, juntados em uma única pessoa. Passar pela vida é agredir e manifestar espaço. Se uma pessoa não existisse, ela não ama e nem é amada, ela não passa por nossas vidas e não sabemos que é ela. Não sentimos lembranças. Alias o ruim de ir é deixar lembranças.

Mas quando do contrário o amor que sentimos é algo inigualável.O que mais me conforta é saber que meu irmão aproveitou a vida como poucos, conquistou amigos, amou como ninguém cada momento sem se importar com opiniões. Sua vida não passou de forma corriqueira, deixou um rastro de imagens boas, lembranças gostosas em sua essência. Grande abraço, Marcos você vai fazer falta.

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

É difícil ler este texto e não ficar imaginando vc e seu irmão, o quanto eram amigos e como ele faz falta.
Muito lindo, acho que conseguiu demonstrar o que queria.

Bjs

Unknown disse...

Quantas coisas permeiam nossas mentes, sobretudo, quando nos deparamos com esta imensidão entre vida e morte.
Acho que você ressaltou os pontos altos...
Nem tudo pode ser como queremos...
mas que bom; A cada dia, à cada um, a vida mostra o que tem, mais ou menos, valor e reserva a cada um de nos, um tipo de surpresa particular e única...afinal as vidas não se repetem...é preciso se entregar e buscar viver da melhor maneira possível...acredito que este seja mesmo o maior consolo e conforto que podemos deixar áqueles que ficam, quando chega nossa hora de partir.
Sinto muito por seu irmão, ele deve fazer falta.

Deus te abençoe!

Sue
(eu cumpro o que prometo! rs)